Desmistificando o Cessacionismo: A Manifestação Contínua dos Dons no Cristianismo Pentecostal

Não é segredo que a teologia e a igreja muitas vezes se veem embaraçadas diante do fenômeno do milagre. Este dilema é agravado por três fatos aparentemente conflitantes. Em primeiro lugar, nos quatro evangelhos do Novo Testamento, encontramos pelo menos trinta relatos distintos em que Jesus atua como taumaturgo, realizando curas, expulsando demônios, ressuscitando os mortos e até mesmo acalmando tempestades. Além disso, ao enviar Seus discípulos, Jesus não apenas os instrui a pregar, mas também a realizar as mesmas obras maravilhosas que testemunharam em Sua companhia (cf. Mt 10,7 s; Mc 3,14 s; Lc 9,1; Mc 16,17 ss).

Essa comissão de Jesus resultou em numerosas experiências milagrosas na primeira cristandade, evidenciando o poder do Espírito Santo (cf. At 3,1 ss; 4,30; 5,12; 1 Co 12,8 ss; Gl 3,5; etc.). A tradição dos milagres, portanto, emerge como um elemento inalienável da mensagem evangélica. Não podemos ignorar o impacto profundo que esses eventos miraculosos tiveram na consolidação da fé cristã, especialmente quando consideramos o núcleo essencial da fé: a ressurreição de Jesus dos mortos.

Contrariando o Cessacionismo 

Contrariando a doutrina do cessacionismo, que argumenta que os dons espirituais cessaram após os tempos apostólicos, defendemos vigorosamente a continuidade da manifestação dos dons no cristianismo . A base bíblica para essa posição é incontestável, respaldada por uma multiplicidade de passagens que destacam a importância dos dons espirituais na vida da igreja.

Ao examinarmos o Novo Testamento, encontramos instruções claras sobre os dons espirituais, como em 1 Coríntios 12, onde Paulo destaca a diversidade de dons concedidos pelo Espírito Santo. Esses dons não são relegados ao passado, mas são fundamentais para a edificação contínua da igreja. Ignorar ou rejeitar a manifestação desses dons é privar a igreja contemporânea de uma parte crucial da herança espiritual deixada pelos apóstolos.

A promessa de Jesus

Além disso, a promessa de Jesus de que Seus seguidores realizariam obras ainda maiores (João 14:12) não pode ser interpretada como uma declaração limitada aos primeiros séculos da fé cristã. Pelo contrário, essa promessa estende-se através dos tempos, desafiando-nos a buscar e experimentar a plenitude dos dons espirituais.

Em resumo, a tradição dos milagres e a continuidade dos dons espirituais são intrínsecas à mensagem evangélica. Em um mundo carente de esperança e necessitando do poder transformador do Espírito Santo, é imperativo abraçar e buscar ativamente a manifestação desses dons. Romper com a limitação do cessacionismo é abrir as portas para um avivamento espiritual genuíno e aprofundar a experiência da presença divina na vida da igreja e de cada crente.

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